Bibliografia não autorizada


Em agosto, minha sobrinha iniciou seu curso de Enfermagem na UFRJ. Assim que começaram as aulas foi oferecido sem custo algum uma assinatura de qualquer revista que ela escolhesse.
Pensando em mim e no meu gosto pela leitura, imediatamente aceitou e fez. A revista escolhida foi a "Isto é". A partir daí, recebo uma nova edição toda semana. Fiquei muito feliz com a lembrança e com o belo presente que ganhei. Sempre que chega a nova edição, pego para ler com a maior vontade. So fico triste pelo fato dela não ter o mesmo gosto pela leitura que eu. Uma pena.
E na semana do "Dia do Professor", dentre todas as matérias escritas, uma em especial me chamou a atenção. Um tema interessante e bem antigo. A vida íntima de grandes astros e estrelas do show business.
A reportagem fala sobre "a bibliografia não autorizada do Paul Newman". Para quem conhece foi um dos grandes galãs de Hollywood e morreu ano passado aos 83 anos. Conhecido por atuar em grandes filmes, como: "Golpe de mestre"; "Butch cassady"; "Cortina rasgada"; "A cor do dinheiro"; "Gata em teto de zinco quente"; "Inferno na torre"; "Bufallo Bill"; "O mercador de almas"; "O indomável", dentre outros (estes são os que lembro que vi dele), teve uma carreira de sucesso e uma vida pessoal muito reservada. Pelo menos foi assim que tentou demonstrar ao longo dela. Homem discreto, marido fiel e bom pai de família.
Na bibliografia, intitulada "O homem por trás de Baby Blues", o autor, Darwin Porter, elaborou uma história desmistificando e derrubando toda essa imagem que Paul Newman construiu ao longo de sua vida. O autor que já escreveu sobre outros astros do cinema, faz revelações extremamente íntimas.
Pelo que li na reportagem, ele foi bissexual, teve casos com inúmeros astros e estrelas, como Marlon Brando, Marylin Monroe, James Dean, Rock Hudson, Audrey Hepburn, Montgomery Cliff, dentre outros. No texto, sua carreira artistíca é deixada em segundo plano. O que vale é sua vida íntima, mais precisamente sexual. Dividiu as amantes com seu filho mais velho e até sua esposa por mais de cinquenta anos, a atriz Joanne Woodward dividiu a cama com ele e seu primeiro marido, o escritor Gore Vidal.
Enfim, ao invés de destacar a qualidade de seu trabalho e sua ampla filmografia, que é excelente, o que vale e importa aqui são suas qualidades "sexuais". Infelizmente, este tipo de publicação faz muito sucesso entre o grande público. Ao invés de nos interessarmos pela obra de um grande ator, muitas das vezes damos valor a sua vida íntima. E o pior, criticamos esta ou aquela atitude. O que me importa se o cara gostava de transar com homens e mulheres, ou se usava uma imagem de marido perfeito? Isso dizia respeito a sua consciência. Tenho certeza, que agora ele ta acertando as contas com o homem la em cima. Quem somos nós para criticarmos a vida de alguém. Somos humanos e passíveis de erros.
Não li o livro e não posso dizer se as informações são verdadeiras ou não. E sinceramente, não é isso que torna alguém melhor ou pior que o outro. Para mim o que vale é sua qualidade como intérprete. E isso ele foi, pois atuou muito bem em todos os filmes citados acima e em outros também. Fez muito sucesso em sua carreira, ganhando inclusive alguns prêmios importantes, dentre eles o Oscar de melhor ator.
Enfim, que possamos refletir um pouco sobre os "valores que damos as pessoas".

10 comentários:

Caio Coletti disse...

Paul Newman... primeira lembrança que me vem a cabeça quando ouço seu nome é o texto da Dulce Damasceno de Brito para a SET a época de sua morte, foi o último escrito por ela antes da própria partir dessa para uma melhor... lembro de como o texto me comoveu.

Enfim, lembranças pessoais a parte, acho que essa tendência de julgar as pessoas públicas pela sua intimidade, e não por ser trabalho, é um poder que, no fundo, todos nós amamos ter. Queremos fazer justiça, apontar defeitos e falhas naqueles que deveriam nos servir de exemplos, de paladinos em uma vida com a qual todos nós sonhamos. Muitas vezes esquecemos que o astros são humanos. Eles merecem, mesmo e sinceramente, toda essa repúdia e essa crítica? Não somos todos passíveis de erros, de julgamentos ruins? Faz sentido, mesmo, é preciso julgá-los?

Ainda mais quando o julgado não está mais por perto para se defender. Além de ser um erro, é uma covardia e uma injustiça enormes.

Abraços Cíntia.

P.S.: Por favor, me perdoe se os próximos dias fiquem meio vazios lá no Anagrama, mas é que estou tendo problemas com o meu computador...

Cristiano Contreiras disse...

Lembro de como soube da morte dele...uma amiga me telefonou, quando ela me disse eu ainda cheguei a brincar, achando que era uma pegadinha, triste isso...senti tanto.

Gosto muito de "Butch Cassidy" - de longe, o filme dele que mais aprecio. Tenho Gata em teto de zinco quente - que, por sinal, tem uma de suas atuações mais expressivas, né?

Nunca ouvi falar da sua bissexualidade, pra falar a verdade e nem sei se é realmente verdade. Mas, isso é relativo e rende discussões. Newman com Dean, já pensou como seria? Inusitado, pra mim, rs.

Belo post, Cintia!

Thiago Paulo disse...

Nossa, não sabia dessa bibliografia, não! é até bom a gente ler várias coisas sobre nossa ídolos, mas pra mim, não importa como era a vida pessoal del, mas sim a vida profissional. E nesse caso, ele mandou muito bem, tem excelentes trabalhos.

A única bibliografia que já li foi da Ketharine Hepburne, escrita por ela mesma. Muito boa!

Bjs...

Marcelo Augusto disse...

Boa tarde!
Obrigado por ter passado no Cinemótica, e obrigado pelo seu comentário. Preciso elogiar o jeito que voce escreve, bem fluente, atribuindo um tom pessoal ao tema. Passarei sempre aqui!

Quanto ao Paul, Paul era ... Paul. Um ótimo ator, eu diria! Adoro muito Gata em teto de zinco quente e admiro muito o jeito profissional que ele interpreta seus personagens.

Concordo muito quando voce disse que não devemos opinar na vida de nossos ídolos. É preciso dismistificar a idéia de que o ídolo nas telonas tem que ser o mesmo ídolo na vida real. Claro que temos o interesse de conhecer mais o ator e atriz de nossos filmes favoritos, mas temos que lembrar que eles NÃO SÃO iguais ao que vemos no cinema.

Detesto essas biografias polêmicas e escandalosas. Muitos atores e atrizes sofreram com isso, e isso é lamentável. Uma pena a maioria das pessoas não pensarem da mesma forma que eu e você pensamos.

Abraços!

Rafa Amaral disse...

Também li a matéria da Isto é, e fiquei um tanto chocado rsrsrsr Afinal, nem sempre é fácil imaginar alguns ícones do passado em tais situações. Mas não acredito que isso mude a imagem do mito, em nenhum aspecto. Adorei o texto!

Reinaldo Glioche disse...

Oi Cintia, tudo bem?

Obrigado por me prestigiar lá em Claquete. Vc me deixa muito feliz aparecendo por lá.

Paul Newman foi um mosntro sagrado do cinema. Detentor de grandes performances( como as que vc mencionou), também ficou conhecido por seu trabalho humanitário. Tem uma linha de produtos alimentícios, cujos rendimentos, são todos revertidos para instituições de apoio ao tratamento do câncer e a recuperação de dependentes químicos. Também tinha uma equipe NASCAR, a velocidade era uma grande paixão sua. Deixou muitas saudades.
Entre seus trabalhos que mais gosto estão: Gata em teto de zinco quente, O veredito, Golpe de mestre, estrada para a perdição e rebeldia indomável.
Desconhecia esse detalhe da bissexualidade. Embora considere improvável, não creio ser algo impossível. Muitos atores áquela época eram libertinos e anarquicos em relação a sexualidade. Cabia aos estúdios preservar a imagem deles em época tão conservadora. Alain Delon, Marlon Brando entre outros eram notórios bissexuais. Outros como Clarke Gable viveram assombrados pela suspeita.

Realmente é preocupante essa perseguição pela intimidade das celebridades. Muitas vezes o bom senso é deixado de lado, como vc bem observou. Recentemente Al Pacino foi obrigado a reconhecer, em virtude de revelações de uma revista de fofoca, que se prostituiu quando jovem para sobreviver.

Ops, falei demais...
Beijos Cintia

Marcelo A. disse...

Esse tipo de literatura sobrevive às custas da curiosidade do povo em saber da vida alheia - e leia-se aqui, vida sexual. Não me espanta se tudo isso for verdade, o que é, aliás, problema do Newman e dos envolvidos. Sou da seguinte tese, principalmente no que diz respeito a sexo: "De perto, ninguém é normal." Por isso, deixemos o cara descansar em paz! O que importa foi o puta ator que ele foi e ponto final!

Abração!

Mateus Souza disse...

Esse tipo de comportamento da mídia - de extremo interesse na vida pessoal dos atores, músicos e o que quer que seja - só existe porque tem gente interessada nisso tudo.

O pior é a falta de conciência de quem o faz, pois, em um mundo globalizado como o nosso, qualquer tipo de informação, por mais mentirosa que seja, atinge níveis extremos e, quase sempre, irreversíveis.

Bom texto, Cíntia. Depois me diz o que achou do 500 Dias com Ela ^^.

Maria disse...

Conheço gente que cairia numa cama com o Marlon Brando, Marylin Monroe, James Dean, Rock Hudson, Audrey Hepburn, Montgomery Cliff, tudo junto misturado numa boa, sem preconceito e sem culpa!!!

Jaime Guimarães disse...

Oi, Cíntia!

Esse tipo de "literatura" é utilizado para criar polêmica, vender e catapultar o "escritor" para a "fama". Consegue seus objetivos. A este preço.

Sabe, o que percebo é que há uma certa "corrida" em busca das intimidades dos famosos. E quando falamos em intimidades, na linguagem do showbussiness, é sexo. Sexo, sexo e sexo, mais nada importa. E se o sujeito for o "bom rapaz, marido fiel e pai exemplar", a busca pelos "podres" se intensifica.

Sujeira. Um simples "bom dia" para a secretária já vira um caso de assédio.

Fiquemos com a lembrança do bom ator que foi o Paul Newman.

bjs!

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