De frente para o espelho


Todos os dias ao acordamos, nos deparamos com algumas notícias que podem mudar nossa forma de ver a vida. E isso aconteceu comigo em 25 de agosto deste ano. Neste dia, fui com minha irmã ao médico e lá recebemos a confirmação de que tinha com um câncer na mama direita. Não era grave, estava num estágio inicial e ela teria de passar por uma cirurgia e posteriormente pela quimioterapia e radioterapia. Operação realizada com sucesso exatamente um mês após a descoberta. Recuperação maravilhosa. Atitude positiva. Minha irmã tem uma força enorme, um exemplo de luta e perseverança, sempre alto astral e muito confiante.
Quanto a mim, admito que a notícia me abalou. Levei um tempo para entender e comprender que ninguém esta livre de passar por isso e que pode ser uma pessoa a quem amamos muito, como é o meu caso. Minha irmã, tem 51 anos e eu 33. São 18 anos que nos separam, e mais do que uma irmã ela é minha segunda mãe, uma amiga, uma companheira, uma confidente. Temos nossas diferenças, porém, o laço de amor e carinho que nos une é verdadeiro e sincero. Enfim, faz parte da vida e temos de estar preparados para qualquer situação.
Neste período, comecei a pesquisar sobre o assunto na net e também tenho lido livros que falam sobre o tema. Há duas semanas átras, ela inciou as sessões de quimioterapia. E, neste final de semana, como consequência do tratamento, seu cabelo começou a cair. Imediatamente ela foi ao cabelereiro e raspou suas madeixas ficando quase careca. Ao se ver no espelho ela tomou um susto e ficou alguns minutos parada, olhando para seu rosto. Uma imagem forte que mexeu comigo. Escondida em um canto, sem ela ver e perceber, as lágrimas desceram.
O motivo de escrever este texto, foi a lembrança de alguns filmes que tratam de dores e dramas pessoais. Histórias reais ou ficticías realizadas com o objetivo de fazer com que pensemos sobre nossa breve existência aqui neste louco mundo. No domingo, dia 15 de novembro, peguei dois para rever: "Minha vida sem mim" e "Invasões bárbaras".
Dentre os que vi e me marcaram, posso citar:
1) "Minha vida sem mim" = a trama conta a vida de uma moça, chamada Ann, na faixa dos 20 anos, interpretada pela maravilhosa Sarah Polley, que descobre ter um câncer, em estágio avançado e mediante isso, tem pouco tempo de vida. Casada, mãe de duas crianças, jovem, pobre, trabalhando como faxineira em uma Universidade, morando no quintal de sua mãe e sem perspectiva de grandes acontecimentos, uma série de questionamentos vem a sua mente. Ela decide não contar a ninguém sobre sua doença e resolve fazer uma lista de coisas que sempre desejou fazer e nunca fez. A partir daí, seus desejos se transformam em realidade e ela começa a viver coisas que sempre sonhou e que não pode fazer antes. Uma das atitudes que toma é a de gravar fitas com mensagens de aniversário para suas filhas até elas completarem 18 anos. Belíssimo!!!! Comovente, sem ser piegas. Meu queridíssimo e adorado diretor Pedro Almodovar, foi um dos produtores do filme. O cara tem bom gosto e sabe quando o material é bom. Chorei pacas.
2) "Lado a lado" = estrelado pelas ótimas Susan Sarandon e Julia Roberts, o filme conta a história de duas mulheres, uma a ex esposa e a outra a atual namorada, de um recém divorciado. Seus filhos e sua ex não aceitam a nova namorada. No entanto, após alguns conflitos de relacionamento, com a passagem do tempo e a convivencia, ambas irão passar por uma descoberta que marcará suas vidas. A ex esposa no início se mostrará chata e criticará a namorada do marido de todas as formas. E olha que a moça tenta ser amiga e manter um bom relacioamento com as crianças e a ex esposa. Porém, ao descobrir que está doente, sua visão irá mudar. Mediante isto, a atual irá se tornar a única pessoa com quem poderá contar após sua morte, para cuidar de seus 2 filhos. A partir daí, a história da uma virada. Medo, dor, preocupação, sentimentos que permeiam a cabeça de uma mãe, que não poderá curtir seus filhos da forma como gostaria. E tem como única aliada uma mulher a qual ela não gosta. Reviravoltas da vida. Dirigido pelo Chris Columbus, o mesmo de "Esqueceram de mim". Ótimo filme.

3) "Invasões bárbaras" = filme que deu continuidade a "O declínio do império americano". Embora, os personagens sejam os mesmos, a trama é bem diferente do primeiro. Neste aqui, temos o reencontro de grandes amigos depois de alguns anos sem se verem. Um deles chamado Remi, um professor universitário, adoece, devido a um câncer, já em estágio terminal. Seu filho, um jovem bem sucedido com uma sólida carreira, trabalhando na área financeira, se vê obrigado a ajudar seu pai, que sem condições materiais, fora internado em um hospital público. Ideológias opostas, visões de mundo completamente antagônicas. Ao longo da narrativa, vamos observando a tentativa de um filho em oferecer ao pai o melhor. Ao longo da vida, pai e filho nunca se deram bem e a doença faz com que ambos se unam. Diálogos muito bem redigidos, direção extremamente competente de Deny Arcand. Sensível e emocionante. O ponto forte da trama é o desenvolvimento de concepções diferentes de vida e de mundo, no personagem de pai e filho. A doença é so o pano de fundo, para abordar questões políticas e ideológicas opostas de duas gerações.
4) "Antes de partir" = interpretado pelos ótimos Jack Nicholson (ator maravilhoso) e Morgan Freeman. Na trama o personagem de MF após ser internado em um hospital conhece o personagem de JN. Ambos estão com câncer e tem pouco tempo de vida. Dramas em comum, eles decidem curtir aquilo que querem e partem numa aventura em busca de concretizar sonhos e desejos deixados para segundo plano. Singelo e comovente. Que história!!!
Bem, vou encerrando por aqui. E quem desejar e tiver curiosidade, assista a qualquer um deles. Vale a pena. A vida é tão curta que temos de vivê-la da melhor forma possível.











8 comentários:

Thiago Paulo disse...

Oi Cintia, lindo texto, viu! Olha,dos filmes que você comentou, só não cheguei a ver "Antes de Partir"... Mas os outros eu vi, e Minha vida sem mim eu amo. Gosto desse tipo de filme, porque depois acabao tendo uma outra visaõ sobre a vida... Eles empre acabam ajudando.

Tem um que vi recentemente que se chama "Uma Prova de Amor" com a Cameron Diaz... Achei muito bom!Recomendo!!!

Bjs e espero que esteja tudo bem com sua irmão.

Museu do Cinema disse...

Me interessei nesse Minha Vida sem Mim, produzido pelo Almodovar.

Marcelo A. disse...

É, minha amiga. Você está coberta de razão. Essa é a vida. E nem sempre ela sai do jeito que imaginamos. E presta atenção: não é só sua irmã que é forte e otimista não. Essa história toda serviu pra mostrar o quanto você é tudo isso também - e muito mais!

Todos os filmes que você citou são bacanas. Tenho um carinho especial por "Lado a Lado". Acho o final, quando a mãe se despede dos filhos, muito tocante. Além do que, filme que mexe com mãe, mexe com a gente...

Senti falta de um filme que eu via na Sessão da Tarde - e confesso que não gostava, achava tristérrimo: "Sunshine, um dia de Sol". Lembra? Engraçado que tem muito a ver com "Minha Vida Sem Mim", pois a mocinha gravava mensagens para a filhinha numa fita k-7. E pra completar o chororô, contava com a canção do John Denver: "Sunshine on my shoulder, makes me happyyyyyyyyyyyyy!!!"

Ah, e valeu pelas palavras! Vindo de você, comadre, não vale!

Beijão!

Cleber Eldridge disse...

De todos os citados não tive a chance de conferir nenhum, porém é o tipo de cinema que mais me agrada! Ah, e prazer pelo interessantissimo blog!

Reinaldo Glioche disse...

Que texto maravilhoso. Nossa! Vc me arrepia. Passei por situações semelhantes. Meu pai, minha vó paterna e meu avô materno foram vitimas dessa doença cruel.Tb esses filmes me emocionam por demais. Dos que vc citou, gosto mais de Lado a lado pela dinâmica familiar. Minha família atravessou problema semelhante.

Mas todos esses filmes são maravilhosos. Parabéns pela serenidade do texto. Pelo amor e carinho que nutre per sua irmã(senti vontade de dar parabéns por isso tb) e por nos presentear com uma bela inflexão sobre nosso tempo.
Bjs

PS: Alguns outros bons filmes sobre o tema:

A partida ( um filme japonês que ganhou o oscar esse ano): Homem começa a trabalhar na elaboração de funerais e é testemunha ocular da dor que compõe o seu cotidiano

O tempo que resta ( filme francês): Jovem descobre que tem cancer e se fecha para o mundo enquanto se aproxima da avó idosa

Uma prova de amor ( tem maiores detalhes desse filme lá no meu blog)

Três belos filmes sobre o assunto.
Bjs

Marcelo Augusto disse...

Cintia ;D

Em primeiro lugar, adorei a forma carinhosa com a qual voce descreveu os acontecimentos acerca da sua irmã. Muito bonita a forma pela qual você demonstra seu amor por ela.

Quanto aos filmes, eu os acho sensacionais. Fiz, faz dois meses, quando meu blog ainda estava em amadurecimento ( e ainda está, mas esta mais maduro que antes, rs) um post sobre os vinte melhores filmes de dramas pessoais relacionados a doenças.

Para mim, os setes melhores foram: Filadélfia, Escafandro e a Borboleta, Dançando no Escuro, Meu Pé esquerdo, Óleo de Lorenzo, O Homem Elefante e O milagre de Anne Sullivan.

Existem mais treze filmes indicados lá, passa lá quando der:
{ http://awardmovies.blogspot.com/2009/09/salve-salve-blogueiros-e-blogueiras.html }


Minha vida sem mim ainda não vi, mas acho que devo vê-lo, já que quem o indicou tem um ótimo gosto!

Quanto a pergunta que me fez, não é a primeira vez que ocorre um Festival em Brasília, mas é o primeiro que eu vou, e coicidentemente, é o primeiro mais lotado.

Te indico mesmo a ver Prince of Broadway. Não sei se terá em DVD, mas assim que voce puder baixa-lo, não hesite! Fiquei sabendo do Festival no Rio! Uma pena voce nao ter ido, mas aposto que voce realmente nao teve tempo, mas assim que der, espero que voce veja os filmes rodados aí, para depois me indicar alguns!

Aqui no FIC tambem vieram alguns famosos, mas nenhum deles que eu realmente louvasse.

É isso, sempre bom passar aqui e ler seus ótimos textos.

Abraços, Marcelo.

Unknown disse...

Desses todos gosto particularmente do My Life Without Me. Belo e sensível filme.

Jaime Guimarães disse...

Oi, Cíntia!

Eu não assisti a nenhum desses filmes citados. Mas gostaria apenas de falar que a vida tem esses percalços e é isso que nos torna fortes. A crise sempre traz alguma oportunidade de mudança, de transformação.

É uma experiência traumática, sem sombra de dúvidas ( até porque eu já presencei alguns casos desta maldita doença em minha família), mas ninguém saiu deste drama indiferente. Às vezes tomamos alguns "choques" necessários para ver a vida sob outro ângulo...mais bonito e interessante.

Um beijo! E parabéns!Melhoras à sua mana!

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