Um dos nossos maiores medos é o de morrer. Do nascimento até nossa morte, temos o destino traçado. Digo isso, no sentido de sabermos que não somos eternos, e numa determinada hora que não sabemos qual, partiremos. Se pudessemos escolher, com certeza, não gostaríamos nunca que este dia chegasse. Quem dera pudéssemos viver eternamente ou, então, tivessemos discernimento para aproveitar cada coisa maravilhosa que a vida nos dá diariamente. Muitas vezes, só conseguimos perceber o lado bom das coisas quando chegamos na reta final. Falar da morte é um tema delicado e difícil. Pensar que um dia iremos perder aqueles que tanto amamos é mais sofrido e doloroso ainda. Uma consequência natural da vida que custamos a aceitar. Quanto a mim, tenho refletido e pensado muito neste assunto.
E, por indicação de um amigo blogueiro, assisti ao filme "A partida", que foi o ganhador do oscar deste ano de melhor filme estrangeiro e trata exatamente deste assunto: a morte.
Realizado no Japão, pelo cineasta Yojiro Takita, desconhecido por aqui, mas um diretor de sucesso em seu país, o filme faz uma narrativa poética e singela sobre um homem que, ápos perder seu emprego como violoncelista, por uma casualidade do destino, começa a trabalhar em uma funerária e, ali, descobre sua verdadeira vocação e o sentido de sua vida aqui neste mundo.
Na trama, o personagem principal chamado Daigo, foi educado por seu pai para se tornar um grande violoncelista. Apesar de não gostar tanto assim desse ofício, ele seguiu os ensinamentos dele e concluiu seus estudos nessa área. Já adulto e casado com a jovem Mika, ele mora em Toquio e trabalha em um Conservatório de música. A perda do emprego e as dificuldades econômicas o obrigam a voltar para a pequena cidade, onde morava com sua mãe já falecida, quando era pequeno. Lá, ocorre a "grande mudança de sua vida". Procurando emprego, ele encontra um anúncio bastante atraente. Ao ser entrevistado, descobre que irá trabalhar como uma espécie de agente funerário. Ele será o responsável em ajudar um senhor, dono da empresa, a preparar os cadáveres para serem cremados. É realizado um "tipo de ritual" onde os corpos são preparados cuidadosamente, seguindo ao que me parece uma antiga tradição japonesa. E digo para vocês: é linda a forma como eles cuidam do corpo, mesmo sem vida.
No início, o choque, o susto. Depois, o prazer, o amor. A descoberta de sua verdadeira vocação. O encontro com seu eu. Sofrimento, angústia, momentos de profunda dor e tormento pelo medo de sua esposa não aceitar seu novo trabalho, mostram o quão é difícil aceitarmos e entendermos a morte. As cenas em que Daigo se isola em si mesmo, refletindo sobre sua nova vida nos emociona. Seu medo é notório. No entanto, a forma como ele passa a compreender a vida é de uma beleza encantadora.
Numa cena, que considero uma das mais fortes e bonitas do filme, vemos um pai aos prantos se ajoelhar perante dois homens, triste, arrasado, pelo fato de ter perdido seu filho, que se suicidou. O rapaz era homossexual e se vestia como mulher e o pai não aceitava isto. Somente, ápos seu fim, ele entendeu que o amor estava acima de qualquer preconceito. Independente de qualquer coisa, o rapaz era seu filho. Só que já era tarde.
No final, Daigo reencontra seu pai, após anos sem contato. Último encontro, já que acabara de falecer. Ali, ele relembra histórias ja esquecidas e apagadas de sua mente. Descobre sentimentos e dores guardadas dentro de sua alma e percebe que, no final, tudo isso não se mostra mais forte do que o amor. Sim, o amor. Apesar de tudo, a alegria por poder se despedir do seu pai e revê-lo nos ensina que daqui não levamos nada, a não ser isto, sentimentos verdadeiros. E que o amor está acima de tudo, inclusive da dor. Alegria pela vida que virá (sua esposa está grávida) e tristeza pela partida (a morte de seu pai).
Enfim, vendo este filme consegui perceber que a morte tem seu lado belo, apesar da dor e do sofrimento pelo qual passam os familiares da pessoa falecida.
Bem, meus amigos, enfim chegamos a dezembro. E a partir do próximo texto, o cinecabeça vai falar sobre esta data tão importante do nosso calendário. Serão textos leves, alegres e divertidos.
E, por indicação de um amigo blogueiro, assisti ao filme "A partida", que foi o ganhador do oscar deste ano de melhor filme estrangeiro e trata exatamente deste assunto: a morte.
Realizado no Japão, pelo cineasta Yojiro Takita, desconhecido por aqui, mas um diretor de sucesso em seu país, o filme faz uma narrativa poética e singela sobre um homem que, ápos perder seu emprego como violoncelista, por uma casualidade do destino, começa a trabalhar em uma funerária e, ali, descobre sua verdadeira vocação e o sentido de sua vida aqui neste mundo.
Na trama, o personagem principal chamado Daigo, foi educado por seu pai para se tornar um grande violoncelista. Apesar de não gostar tanto assim desse ofício, ele seguiu os ensinamentos dele e concluiu seus estudos nessa área. Já adulto e casado com a jovem Mika, ele mora em Toquio e trabalha em um Conservatório de música. A perda do emprego e as dificuldades econômicas o obrigam a voltar para a pequena cidade, onde morava com sua mãe já falecida, quando era pequeno. Lá, ocorre a "grande mudança de sua vida". Procurando emprego, ele encontra um anúncio bastante atraente. Ao ser entrevistado, descobre que irá trabalhar como uma espécie de agente funerário. Ele será o responsável em ajudar um senhor, dono da empresa, a preparar os cadáveres para serem cremados. É realizado um "tipo de ritual" onde os corpos são preparados cuidadosamente, seguindo ao que me parece uma antiga tradição japonesa. E digo para vocês: é linda a forma como eles cuidam do corpo, mesmo sem vida.
No início, o choque, o susto. Depois, o prazer, o amor. A descoberta de sua verdadeira vocação. O encontro com seu eu. Sofrimento, angústia, momentos de profunda dor e tormento pelo medo de sua esposa não aceitar seu novo trabalho, mostram o quão é difícil aceitarmos e entendermos a morte. As cenas em que Daigo se isola em si mesmo, refletindo sobre sua nova vida nos emociona. Seu medo é notório. No entanto, a forma como ele passa a compreender a vida é de uma beleza encantadora.
Numa cena, que considero uma das mais fortes e bonitas do filme, vemos um pai aos prantos se ajoelhar perante dois homens, triste, arrasado, pelo fato de ter perdido seu filho, que se suicidou. O rapaz era homossexual e se vestia como mulher e o pai não aceitava isto. Somente, ápos seu fim, ele entendeu que o amor estava acima de qualquer preconceito. Independente de qualquer coisa, o rapaz era seu filho. Só que já era tarde.
No final, Daigo reencontra seu pai, após anos sem contato. Último encontro, já que acabara de falecer. Ali, ele relembra histórias ja esquecidas e apagadas de sua mente. Descobre sentimentos e dores guardadas dentro de sua alma e percebe que, no final, tudo isso não se mostra mais forte do que o amor. Sim, o amor. Apesar de tudo, a alegria por poder se despedir do seu pai e revê-lo nos ensina que daqui não levamos nada, a não ser isto, sentimentos verdadeiros. E que o amor está acima de tudo, inclusive da dor. Alegria pela vida que virá (sua esposa está grávida) e tristeza pela partida (a morte de seu pai).
Enfim, vendo este filme consegui perceber que a morte tem seu lado belo, apesar da dor e do sofrimento pelo qual passam os familiares da pessoa falecida.
Bem, meus amigos, enfim chegamos a dezembro. E a partir do próximo texto, o cinecabeça vai falar sobre esta data tão importante do nosso calendário. Serão textos leves, alegres e divertidos.
10 comentários:
Estou com esse filme a meses, e ainda não vi sei lá porque!
Thanks for the cheers, funny, light texts ahead.
Não que morte seja deprimente, aliás, lembro de uma série que se passava dentro de uma funerária que rendeu até muito riso aqui em casa - era Six feet under - esperávamos pela cena inicial com entusiasmo - era a morte da semana -
sobre o seu post:
Lembro dessa estória em outro filme, acho que dever ter sido refilmado no ocidente (novidade).
Obrigada pela sua descrição do blog, fiquei emocionada.
Abração Cintia.
Faz mais ou menos um mês, passou no cine conhecimento um outro filme japonês sobre a morte. Começa bem engraçado, o recebimento dos defuntos é tão burocrático, que vc nem até esquece que trata-se da morte. Infelizmente adormeci no sofá, não vi o resto e não peguei o nome. Incompetente.
bom, por outro lado, indico outro: Paixão Suicida. Diferente. Wristcutters, a love story. ( 2006 )com Patrick Fugit de Quase famosos
Excelente texto para um excelente filme... Realmente a beleza que se encontra nos lugares mais inesperados é inebriante...
É realmente um filme de impacto e beleza avassaladores. Muito sensível sua resenha, me senti como vendo o filme novamente. Concordo com vc quanto a cena que destacou. De uma poesia sem comparações.
Bjs
Esse filme parece ser realmente intenso e verdadeiro! Ainda mais que foca muito nos aspectos da alma humana, propõe esse estudo de reflexão plena e, pelo que percebi, ter um teor poético e profundo.
Preciso ver e logo!
Adorei sua resenha, beijo!
Chorei igual uma menininha nesse filme. A trilha do Joe Hisaishi (que também faz todas as trilhas dos animes do mestre Miyazaki) acabou com meus canais lacrimais.
(Obs: primeira vez que visito e gostei bastante ... voltarei).
Novamente uma critica especial, com um toque pessoal muito bem expressado!
Ainda não vi o filme, mas sua resenha me lembrou um livro do Saramago que ainda vou ler: As interminâncias da Morte. Sei que a história narra uma decisão repentina da Morte - deixar de matar todos de um certo país. Nesse enfoque, o livro vai seguir uma narração reflexiva, mostrando que as vezes, ficar sem a Morte, é fatal.
Indico voce a leitura, até porque é Saramago, e eu adoro todos os livros dele, como Ensaio sobre a cegueira.
Verei este filme o mais rápido possivel, Cintia! Voce já viu a homenagem que fiz a você no Cinemótica? Esta na postagem do Fechamento de Novembro.
Beijos!
Cíntia, que texto bonito!
Coincidência ou não, não deixa de ser a síntese de tudo aquilo que eu falei sobre o seu blog lá no Anagrama. Parar por aqui é viajar por esse mundo encantador que é o cinema. Sua crítica é muito pessoal, expressa magistralmente as emoções do filme e, o mais importante, deixa quem lê com vontade de ver também.
De qualquer forma, muito obrigado pelas palavras lá no Anagrama e quanto ao seu pedido: pode sim, mas depois me conte o que eles acharam! rs :D
Abraços Cíntia!
Oi querida, desculpe a demora... Olha, agora que li melhor sua resenha, fiquei ainda mais com vontade de ver esse filme. A morte é muito difícil mesmo, e gente precisa de filmes assim, pra tentar aprender a parte bela desse sofrimento.
Bjão!
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